domingo, 11 de maio de 2008

RODRIGO BÓRGIA - PAPA ALEXANDRE VI - 11.05.08


PAPA ALEXANDRE VI - (RODRIGO BÓRGIA) - IV PARTE

Giulia ficou conhecida por toda a Itália como a "Noiva de Cristo" ou a "Prostituta do Papa".
Mas todos os que contemplavam a sua beleza deslumbrante compreendiam o empolgamento de Alexandre. Ela era "o coração e os olhos" do papa, dizia um diplomata.
Alexandre imortalizou-a numa pintura da Madonna com o rosto de Giulia.
Tiveram filhos mas Alexandre tentou fingir que a sua primeira filha, Laura, era filha de Orsino Orsini, o marido de Giulia.
O Embaixador Argentino não se deixou enganar e escreveu para casa: "A semelhança da criança com o papa é tal que só pode ser dele".
Também tiveram um filho, Rodrigo, que nasceu pouco antes de Alexandre VI morrer.
Giulia e a filha de Alexandre, Lucrécia, tornaram-se grandes amigas e praticavam o desporto de namoriscar com os visitantes dos aposentos papais. Alexandre, enciumado, achou que já era altura de casar Lucrezia. Esta era uma bela mulher, de cabelos louros e olhos azuis. Alexandre gostava muito dela e todos quantos a conheciam ficavam encantados com a sua alegria.
" Ela tinha um sorriso que lhe ilumina as feições q de mil maneiras diferentes", escreveu Boccaccio, então Embaixador de Ferrarese na corte papal." Nunca uma
gentil criatura pareceu tão feliz por estar viva". (...)
Alexandre prometeu-a em casamento um par de vezes até que combinou um vantajoso enlace com Giuvanni Sforza, Senhor de Pésaro. Um dos noivos anteriores, Don Gasparo de Procida, fez um grande reboliço por causa disto. (...)
Rodrigo resolveu o assunto pagando-lhe 3.000 ducados de ouro. Don Gasparo retirou a sua pretensão à mão de Lucrézia e voltou para Espanha.
Lucrézia casou-se com grande pompa na Salle Reale. Foi assistida pela neta do Papa Inocêncio VIII, POR Giulia Farnase e 150 outras mulheres romanas que, alegadamente, teriam chamado a atenção de Alexandre.
Na festa de casamento, o lugar de honra foi ocupado pelo Papa e pela sua amante. O trjo de Alexanre sobrepunha-se em esplendor ao da própria noiva. Vestia uma túnica turca dourada cuja cauda era transportada por uma escrava negra.
"Por ocasião do casamento houve festivais e orgias dignas de Madame Lucrézia", regista Stefano Jufessura. Houve danças e banquetes, uma "comédia mundana" e muita licenciosidade. O Papa , particularmente, diliciava-se em atirar "confetti" para os pronunciados decotes dos vestidos das senhoras.
"À noite, Sua Santidade, o Cardeal Bórgia (Césare), o Duque de Gandia ( Juan), alguns cortsãos e algumas damas da nobreza sentaram-se para cear, tendo aparecido bobos e bailarinos de ambos os sexos que fizeram representações obscenas para grande gláudio dos convidados", registou certo cronista.
" Pela manhã, Alexandre VI conduziu o jovem casal até à câmara nupcial, no meio da qual havia sido colocada uma magnifica cama com cortinas. Ali tiveram lugar cenas tão chocantes e hediondas que nenhuma linguagem consegue transmitir ou descrever.
O Papa desempenhou o papel de matrona para a sua filha; Lucrézia, essa Messalina que, mesmo em criança fora por seu pai e irmãos iniciada na mais hedionda devassidão, desempenhou na ocasião, o papel de uma inocente, no intuito de prolongar as obscenidades da comédia; e o casamento ocorreu na presença da Pontifical Família".
Porém, após o casamento, Lucrézia recusou-se a ir com o seu marido para Pesaro e continuou a viver no Vaticano. Segundo Buchard, "ela nunca deixou os aposentos do papa, nem de dia, nem de noite".
Por fim, Lucrécia foi persuadida a ir visitar o seu marido e a bela Giulia acompanhou-a.Isto só aumentou o desgosto do papa.
Os ciúmes de Alexandre tornaram-se excruciantes quando Giulia, escrevendo de Pesaro,elogiou exageradamente, Caterina Gonzaga, uma parente do marido de Lucrécia, Giovanni Sforza.O Papa respondeu-lhe também por carta. (...)
É evidente que o papa sentia a sua falta, mas quando escreveu novamente, Lucrécia respondeu-lhe, informando-o que Giulia e a prima de Alexandre, Adriana del Mila, que tinha sido governanta de Lucrécia, tinham ido para Capodimonte, a casa dos Farnese, onde o irmão de Giulia, Ângelo, estava a morrer.
Alexandre ficou furioso e escreveu a censurar Lucrécia. (...)
Constou então a Alexandre que Orsino Orsini, o marido de Giulia, abandonara o seu posto militar e regressara à propriedade da família em Bassanello, alegando doença.
O Papa, abandonado pelo seu amor, suspeitou que o jovem Orsini podia estar a fazer uma tentativa para reclamar a sua noiva e escreveu a Giulia, proibindo-a de ir a Bassanello. Ela respondeu-lhe que havia razões políticas para lá ir. (...)
Em Novembro de 1494, Giulia e Adriana arriscaram-se a sair de Capodimonte. Dirigiram-se para Viterbo, a Norte de Roma, a fim de ver o Cardeal Farnese, que acabara de ser nomeado legado papal na localidade. Porém, durante a viagem foram capturadas pelos destamentos avançados do exército francês. O Rei Carlos riu a bom rir quando soube que tinha capturado "o coração e os ouvidos" de Alexandre.
Alexandre pagou um resgate de 3.000 ducados de ouro para recuperar as duas mulheres. Foram devolvidas por uma guarda de honra e por 400 homens da cavalaria francesa.
Alexandre recebeu-as envergando um gibão negro debruado a brocado dourado, botas espanholas, um cinto espanhol com espada e punhal e um barrete de veludo.
Nessa noite, Alexandre dormiu mais uma vez com a sua amada Giulia nos braços, nos aposentos do Vaticano.
O facto de ser terrivelmente ciumento,não significava que fosse completamente fiel a Giulia. Ludovico Sforza disse ao Senado Milanês que, passada uma semana após o seu reencontro, Alexandre dormira com outras três mulheres, "uma delas, freira de Valência, outra castelhana e a terceira, uma jovem muito bela de Veneza, com 15 ou 16 anos".

FIM DA IV PARTE

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